Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Empresa usa nanotecnologia para eliminar fungos e bactérias resistentes em hospitais
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A Organização Mundial da Saúde estima que a taxa de infecções hospitalares atinja 14% das internações. No Brasil, 100 mil pessoas morrem todos os anos por contaminações contraídas em hospitais e clínicas onde foram buscar tratamento para outras doenças, segundo dados da Associação Nacional de Biossegurança. Uma pequena empresa do sul do País, nascida da união de estudantes de Química e Engenharia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), desenvolveu uma tecnologia 100% nacional que pode contribuir para a redução desses números: um antimicrobiano composto por nanopartículas de prata e zinco, capaz de eliminar fungos e bactérias super-resistentes, como a Klebsiella. A TNS Nanotecnologia contou com o apoio de R$ 150 mil da Finep em sua fase inicial.

As nanopartículas produzidas pela empresa, que podem ser 100 mil vezes menor que um fio de cabelo, entram em contato direto com a membrana celular das bactérias, liberando íons que afetam as funções respiratórias dos microrganismos e impedem sua reprodução. Esses aditivos antimicrobianos podem ser implantados em lençóis, macas, colchões, travesseiros e tecidos sintéticos de hospitais e clínicas. A solução também pode ser aplicada em maçanetas e corrimões desses estabelecimentos. “Entregamos saúde para a população sem que ela saiba que está se beneficiando da nanotecnologia”, destaca Gabriel Nunes, sócio e diretor executivo da TNS.

A empresa atua no mercado business-to-business (B2B), ou seja, suas soluções são comercializadas apenas para clientes que incorporam as funcionalidades da nanotecnologia em seus produtos finais. Sem um portfólio fixo, a TNS desenvolve tecnologias de acordo com a demanda dos parceiros. Um exemplo bem-sucedido dessa multiplicidade de soluções é uma resina produzida pelos catarinenses, aplicada na fabricação de embalagens de frutas, legumes e verduras. “Esses alimentos chegam a durar até 60 dias sem mofar dentro desses recipientes, com o diferencial de ele ser atóxico”, informa Nunes, lembrando que cerca de 30% dos alimentos vão para o lixo por conta da atuação de fungos, bactérias e outros microrganismos. Hoje, a TNS atende a mais de 30 clientes dos segmentos médico-hospitalar, veterinário, têxtil, de polímeros, de tintas e de cerâmicos.

Instalada no Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA), incubadora da Fundação Certi, em Florianópolis (SC), a TNS Nanotecnologia surgiu em 2009, impulsionada pelo Prêmio Sinapse da Inovação. Em 2013, entrou no mercado. “Sem o empurrão inicial da Finep, talvez não conseguíssemos chegar aonde estamos. Obtivemos aprovações e validações em diferentes mercados a partir dos recursos injetados pela financiadora”, lembra o sócio. “Geramos capital necessário para reinvestir na empresa e atingir o break-even (ponto de equilíbrio nos negócios) mais rapidamente (no final de 2015)”, complementa.

Desde então, a TNS vem acumulando premiações e reconhecimento. No ano passado, foi eleita a melhor empresa incubada do Brasil pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e considerada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) como uma das empresas mais inovadoras do Brasil. “Embora o cenário econômico no País não tenha sido tão bom, nossa empresa cresceu de forma sustentável e mais que dobrou de faturamento no último ano”, ressalta Nunes. Para 2016, a equipe da TNS pretende internacionalizar sua linha antimicrobiana e investir no ramo de nanobiotecnologia, com a parte de reveladores de doenças em testes pré-clínicos em animais e humanos.