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Parque de geração de energia eólica na região nordeste do Brasil: alta tecnologia de materiais

Quem já viu uma carreta carregada com hélices gigantescas de geradores de energia eólica não tem dificuldades de compreender a complexidade de se produzir um artefato desse tipo. É justamente essa a especialidade da empresa Aeris, baseada no Complexo Industrial e Portuário de Pecém, a 55 quilômetros de Fortaleza, recentemente escolhida pela líder mundial do setor, a dinamarquesa Vestas como sua parceira no país. Há três anos, as duas companhias negociaram um projeto de transferência de tecnologia que vem permitindo a fabricação no país de sofisticadas pás eólicas feitas de fibra de carbono por meio de um processo chamado pultrusão, capaz de reduz em até 30% o peso da estrutura em comparação com similares feitos com fibra de vidro.

Presente em 79 países, a dinamarquesa Vestas detém tamanho domínio do setor que os artefatos que fabricou representam aproximadamente 17% de toda a capacidade instalada de produção de energia eólica, o equivalente a um potencial de 94 gigawats (GW). Apesar da dispersão de seus parques pelos seis continentes, a empresa nunca havia terceirizado a produção de suas pás, o principal componente tecnológico das turbinas eólicas. “Esse foi um passo gigantesco para nós”, lembra Daniel Mello, diretor industrial da Aeris, que produzia somente pás de materiais tradicionais, com tecnologia dominada pelo mercado.

Para tirar os planos do papel, a fabricante brasileira estruturou um projeto para capacitá-la a fazer uso da fibra de carbono que recebeu 58 milhões de reais da Finep. Entre os detalhes do processo, está o envio de mais de 70 funcionários aos Estados Unidos para treinamentos. O processo de pultrusão, novidade no Brasil, garante ao produto final, além da leveza, a quase ausência de falhas, porosidade, rugas e outras imperfeições.

O primeiro exemplar das novas pás saiu da linha de montagem em 2016 e, atualmente, a Aeris consegue entregar à Vestas 18 unidades desse modelo por semana. Ao todo, já foram fabricadas cerca de duas mil, a maioria utilizada em equipamentos instalados no Brasil. No início de 2018, começaram as exportações do modelo para os Estados Unidos e Europa. Os resultados financeiros da empresa brasileira mostram o impacto da parceria: o faturamento em 2017 chegou a 200 milhões de dólares, um crescimento de mais de 40% em relação ao ano anterior. Além da Vestas, a Aeris produz modelos de pá para a americana GE, a espanhola Acciona e a brasileira WEG.

Mercado em expansão

Com 534 parques capazes de gerar 13,42 GW de eletricidade, a energia eólica pode se tornar a segunda principal fonte da matriz energética no país ainda este ano segundo os dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) — atualmente é a terceira, atrás da hidrelétrica (97,08 GW) e da biomassa (14,61 GW). Com tal performance, o número de brasileiros abastecidos por esse tipo de energia limpa e renovável ultrapassa os 70 milhões. Em seu levantamento anual, a ABEEólica aponta que o parque gerador brasileiro ajudou a evitar que 21 milhões de toneladas de CO2 fossem lançadas na atmosfera, o equivalente às emissões anuais de 16 milhões de automóveis.

A contribuição de cada uma

Confira o percentual dos diferentes modelos de geração de energia na matriz elétrica brasileira:

Hidrelétrica 60%

Biomassa 9%

Eólica 8%

Gás Natural 8%

Óleo 6%

Pequenas centrais hidrelétricas 3%

Carvão 2%

Nuclear 1%

Fonte: ANEEL/ABEEólica