Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Finep e CEPAL debatem o futuro da ciência e produtividade no Brasil e na América Latina
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Entidades alertam que crescimento da produtividade na América Latina estacionou em 0,9%, em média, na última década, e que a região ficou para trás em relação a outras economias do mundo

 

Na quarta-feira (3), a Finep realizou o seminário “Panorama das Políticas de Desenvolvimento Produtivo 2025 da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)”. O evento marcou o início de uma série de encontros que a agência realizará mensalmente como parte do projeto “A Finep do Futuro – Diálogos sobre a Ciência, Inovação e Desenvolvimento Sustentável.” O objetivo da agência é contribuir e planejar o futuro da Ciência Brasil, e reforçar as relações econômicas entre os países da América Latina e Caribe com o mundo. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) é uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas e sua sede está em Santiago do Chile.

“Em um momento de tensões geopolíticas significativas, a Finep pensa o futuro da economia brasileira. Em parceria com o CEPAL, o objetivo é retomar uma agenda estruturante para o país e a região da América Latina, a partir da biodiversidade e infraestrutura de crescimento para as economias latino-americanas, além dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação”, disse o presidente da Finep, Luiz Antônio Elias.

O Diretor da Divisão de Desenvolvimento Produtivo e Empresarial do CEPAL, Marco Llinás Vargas, frisou que é preciso aprimorar a governança do desenvolvimento produtivo da região, e não pensar apenas em tarifas. “Estamos ficando ultrapassados em relação ao mundo. Entre 2014 e 2023, a América Latina cresceu apenas 0,9% por ano, crescimento inferior à média anual de 2% da década de 80, considerada a década perdida. Nosso objetivo é aumentar as sinergias regionais, já que o Brasil tem papel estratégico na região”, afirmou Vargas.

Apesar das dificuldades estruturantes, segundo estudo da CEPAL, o Brasil, entre 2023 e 2024, cresceu 4% em produtividade, ficando em terceiro lugar na região. Segundo Vargas, o crescimento da produtividade envolve diversas frentes de investimentos, e o investimento em ciência, inovação e tecnologia deve ter uma boa governança para gerar resultados efetivos. O programa Nova Indústria Brasil (NIB) foi citado no debate por Vargas e outros participantes como política pública relevante para gerar desenvolvimento no Brasil.

Camila Gramkow, Diretora do Escritório da CEPAL em Brasília, ressaltou que a transição para uma economia verde e sustentável é um desafio, mas uma grande oportunidade para o setor produtivo no Brasil. “Devemos aproveitar a visibilidade do Brasil na COP 30 e os acordos fechados, como de transferência de tecnologia. A maior parte dos países da América Latina está se endividando em moeda estrangeira, por exemplo, para compra de ônibus elétricos que não são produzidos aqui. Os exemplos são vários: aerogeradores, painéis fotovoltaicos, há uma dependência tecnológica que a agenda verde traz. Por outro lado, por meio de políticas públicas voltadas para a transição verde, podemos gerar tecnologia própria, e empregos e renda para o nosso país.”

Neste contexto, a transição energética, eletromobilidade, economia circular, bioeconomia, o desenvolvimento de uma indústria farmacêutica local, entre outras áreas estratégicas são relevantes para impulsionar novos setores produtivos no Brasil, tendo em vista também o desenvolvimento social e a geração de empregos. Adriana Haguenauer, superintendente de Planejamento da Finep, ressaltou a importância do foco nos projetos e citou o trator para a agricultura familiar e hidrolisador desenvolvido com tecnologia nacional para a Petrobras como alguns dos projetos apoiados pela Finep.

O conselheiro da Finep, Luiz Davidovich, pontuou que o Brasil já desenvolveu projetos nacionais importantes, como a Petrobras, a Empraba, Embraer e a própria Finep em décadas passadas. Segundo Davidovich, os americanos desenvolveram todo um setor produtivo para levar o homem pela primeira vez à Lua e a “Lua” nacional seria a Amazônia. “O Brasil tem 20% da biodiversidade mundial e 50% dela está na Amazônia. Na América Latina, temos países amazônicos. Precisamos pensar em um grande projeto de desenvolvimento sustentável, social e produtivo com foco na Amazônia”, opinou.

As mudanças climáticas foram mencionadas como ponto de atenção para o Brasil e os países da região em relação aos impactos na produtividade. De acordo com relatório do Independent High Level Expert Group (IHLEG) on Climate Change, a necessidade global de investimento projetada para ação climática é de US$ 6,3 a US$ 6,7 trilhões de dólares por ano até 2030. Na América Latina, compromissos de ação climática exigem um investimento de US$ 2,1 a US$ 2,8 trilhões no mesmo período, o que equivale a um investimento anual de 3,7% a 4,9% do PIB, segundo Gramkow.