Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Conselho Consultivo da Finep debate infraestrutura e uso de IA e comemora resultados da empresa para o futuro da Inovação
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A Finep realizou na sexta-feira, 10/5, em sua sede na Praia do Flamengo 200, a 2ª Reunião Ordinária de 2024 de seu Conselho Consultivo.

O presidente da Finep, Celso Pansera, iniciou os trabalhos dando posse simbólica aos cerca de 70 conselheiros, designados pela POR-MCTI Nº 8183 de 9 de maio de 2024, alguns dos quais assinarão ainda o real Termo de Posse. Coube à assessora especial do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Miriam Barbuda Fernandes, assinar, com o presidente Pansera, o termo simbólico, representando todos os membros.

Pansera registrou seu pesar pela situação dramática que o estado do Rio Grande do Sul atravessa. A Finep deve fazer um anúncio próximo de um conjunto de ações voltadas para as empresas da região.  “É um momento de união mesmo, de trabalhar muito e juntos para ajudar aquele estado”, sintetizou.

Na sequência, teve início o painel “Inteligência Artificial: Discussão do Papel da Finep na agenda do Governo Federal”, com o objetivo de reunir sugestões sobre o tema a serem encaminhadas à Ministra Luciana Santos.

O painel reuniu o professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, Virgílio Almeida, um dos principais especialistas do país em inteligência artificial, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, Renato Janine, o professor do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás e membro permanente dos programas de Mestrado e Doutorado em Ciência da Computação, Anderson Soares e o presidente do Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC, Fábio Borges de Oliveira.

Os palestrantes apresentaram suas visões sobre o tema e caminhos que, acreditam, devem ser seguidos pelo Brasil.

Virgilio Almeida alertou para o aumento do gap entre os salários da parcela da população que tem apenas o ensino médio, completo ou não, em relação ao crescimento daqueles de indivíduos mais qualificados, pelo uso da IA. “O emprego desta tecnologia poderá vir a ampliar esse gap, intensificando a desigualdade social”, alertou. E apontou como ferramenta para esse enfrentamento o uso de recursos humanos diferenciados e uma grande estrutura de pós-educação positiva de que o Brasil dispõe.

Renato Janine demonstrou preocupação em relação ao uso da IA pelos jovens, no que se refere à educação, especialmente na realização de redações. “É importante mensurar o impacto que a inteligência artificial poderá ter se, por exemplo, um estudante usar o chat GBT para fazer uma redação. Eu não vi resposta a essa questão”, enfatizou. E em relação à criação, no Brasil, de infraestrutura de pesquisa para IA, sua aposta é em investimentos na formação e treinamento de pessoal no tema, já que a distância tecnológica e científica, segundo ele, deve aumentar nos próximos anos.

Fabio Borges vê a necessidade de pensar a IA como uma superinteligência para a humanidade, termo usado em 2015 quando surgiram os primeiros algoritmos de inteligência artificial que superaram os seres humanos treinados. Essa não seria uma IA criada e controlada por grandes conglomerados e que, por isso, pode ser comprometida por ideologias ou outras tendências.

Fabio acredita que essa é uma questão de Estado, não de empresas, uma vez que envolve o controle de uma superinteligência que pode, entre outras coisas, reconhecer o rosto das pessoas. “Isso é muito poderoso”, alerta. E concluiu: “Por outro lado, uma superinteligência sem viés, bem orientada, bem treinada, educada pela academia, uma coisa realmente grande, eu imagino, seja o que o nosso Presidente quer”. E defendeu que é preciso haver uma articulação em torno da criação dessa superinteligência de forma mais coordenada, de forma a evitar investimentos fragmentados e desarticulados.

Anderson Soares apontou o papel importante das universidades na indústria da IA, pela sua possibilidade de se articular com outros atores do Sistema Nacional de C&T, especialmente porque, mesmo para se consumir uma IA produzida fora, mesmo para extrair valor de uma tecnologia, exige o trabalho da universidade.

Enfatizou ainda a capacidade de captação de recursos das universidades, citando a UFGO, nos últimos três anos e meio — R$ 200 milhões, o que, para ele, demonstra a via de conexão entre pesquisa, inovação e o desenvolvimento. “Fizemos recentemente uma conta aproximada e constatamos que ajudamos a construir tecnologias para produtos que alcançam mais de 90 milhões de pessoas, no Brasil”, concluiu.

Na fase de debates, conselheiros falaram da importância de a Finep ter linha específica para o financiamento do desenvolvimento da IA no Brasil. O diretor de Inovação da Finep, Elias Ramos, esclareceu que, somente em 2023, a Finep aplicou R$ 837 milhões de recursos em projetos de IA. Ressaltou, ainda, que 73% dos projetos que a Finep apoiou em 2023 e, até o momento, em 2024, são projetos de startups, uma presença importante para desenvolver projetos nessa área. E concordou com Fabio Borges sobre a necessidade de o país ter uma boa estrutura computacional. “Temos que casar o apoio a projetos a uma base de infraestrutura computacional. Eu acho que fica esse desafio para a Finep, coordenar o apoio a projetos com a instalação de infraestruturas de porte no país, para darmos conta dessa questão”.

Após apresentação sobre a Execução e Previsão Orçamentário da FNDCT, feita pela Superintendente da Área de Controle Orçamentário e Financeiro do FNDCT da Finep, Andrea Abdallah, o presidente Celso Pansera comemorou os excelentes resultados financeiros da Finep e o que representam para o futuro dos financiamentos à inovação.

O presidente falou dos prognósticos positivos do FNDCT após seu descontingencionamento e aprovação dos 10 eixos estruturantes, o que permitiu, à Finep, dispor de R$ 10 bilhões de recursos reembolsáveis e não reembolsáveis, em 2023, totalmente executados, com previsão de contar com R$ 12 bilhões para 2024. “Isso nos permite uma outra escala de financiamento dentro do Nova Indústria Brasil”, comemorou.

A diretora de Administração, Janaína Prevot, falou da otimização do Sisgon – sistema através do qual as universidades e instituições de pesquisa acessam os recursos não-reembolsáveis da Finep, uma demanda dos conselheiros em reuniões anteriores. Registrou que o sistema foi incluído entre as metas institucionais da Finep, dada sua importância pelo volume de recursos operado. E destacou que a meta é, até o fim de 2024, fazer do Sisgon uma plataforma única de relacionamento da Finep com seus públicos, que inclua também as empresas.

O chefe de gabinete, Fernando Peregrino, distribuiu os primeiros exemplares do livro“A Finep e a Neoindustrialização“, que reúne os resultados dos seminários, coordenados por ele, sobre o tema, para servir de subsídio para a 5ª Conferência e que será lançado na sua realização, em junho.

O presidente Pansera marcou para o dia 8 de julho, na SBPC, que esse ano se realizará de 7 a 13 de julho, na Universidade Federal do Pará, a próxima reunião do Conselho Consultivo, e que marcará um ano de sua retomada, também na SBPC de 2023.  O tema central da reunião será “Os impactos da 5ª Conferência na Finep”.

Veja cobertura fotográfica em: https://www.flickr.com/photos/finepinova/albums/72177720316845291