Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Palestrantes da 7ª edição do Seminário da Neoindustrialização apontam a agricultura familiar como principal alternativa no combate à fome e à desigualdade
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A Finep promoveu nesta terça-feira (27/2), a sétima e última edição da série de 12 Seminários sobre o tema da Neoindustrialização. A primeira mesa, que debateu a Segurança Alimentar, teve como destaque a palestra do economista e ativista João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em sua fala, Stédile defendeu um novo projeto de País, baseado na agroecologia, na agricultura familiar e na produção nacional. “Esse é o caminho para o combate a à fome e à desigualdade social”, disse. Para o dirigente do MST, existe um conflito entre o agronegócio e a agricultura familiar, sendo necessário o incentivo aos pequenos produtores, hoje representados por cinco milhões de famílias, para a construção de um projeto de desenvolvimento e soberania alimentar justos. Ele defendeu, ainda, a implantação de fábricas de maquinários agrícolas por todo o País, além de uma matriz energética sustentável.

“O agronegócio produz riqueza mas não desenvolve o país, porque não produz alimentos e sim comodities que nem sequer pagam impostos ao serem exportados, e tem o uso dos agrotóxicos como base dessas grandes produções, com efeito perverso no meio ambiente”, afirmou. Já a agricultura familiar, que corresponde à maioria dos que produzem e vivem da agricultura no país, tem toda a produção voltada para o mercado nacional e é riquíssima em tipos de alimentos produzidos”.

Stédile fez um alerta para a importância da agroecologia como método de produção. “Precisamos produzir em equilíbrio com a natureza, mas o principal desafio é como massificar a agroecologia, como potencializar essa prática, com sementes, fertilizantes orgânicos, sem a dependência química, e com incentivo ao uso das máquinas agrícolas. É aí que entra a Finep”, disse.

O tema da manhã foi debatido em uma sessão especial realizada em Niterói, na Sala Nelson Pereira, como parte da programação da Conferência Estadual do Rio de Janeiro, coordenada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Também participaram da mesa, mediada por Fernando Peregrino, chefe de Gabinete da Finep e coordenador dos Seminários Temáticos, Fernanda Machiaveli, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Cristhiane Oliveira, da Embrapa, Rosilda Prates, presidente Executiva da P&D Brasil, e Edward Madureira, assessor da presidência da Finep. O coordenador da 5CNCTI, Sérgio Rezende, e o presidente da Finep, Celso Pansera, falaram na abertura do evento.

Fernanda Machiaveli, secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, destacou os projetos que o governo federal tem desenvolvido sobretudo em torno do incentivo à mecanização, compra de equipamentos e implementos para a agricultura familiar através do programa Mais Alimentos.

“Precisamos diminuir a penosidade do trabalho no campo e melhorar a qualidade de vida desses trabalhadores, para isso precisam ter acesso a máquinas que reduzam o esforço físico. Assim, além de potencializar a qualidade do trabalho, aumentamos a produtividade e melhoramos a distribuição agrária no país”, explicou.

Buscando defender o desenvolvimento científico e tecnológico da agroecologia, Cristhiane Oliveira (Embrapa) apresentou novos questionamentos para o setor. “Temos que repensar nossas linhas de pesquisas, gerar inclusão socioprodutiva, criar novas estratégias de ciência e tecnologia para construir projetos focados numa realidade territorial. As tecnologias precisam estar a serviço da transformação da sociedade, essa passa a ser nossa missão nesse momento”, destacou.

Segundo o assessor da Finep, Edward Madureira, a agricultura familiar tem grande potencial de geração de renda e combate à fome e à desigualdade, principalmente para corrigir as assimetrias regionais, além de evitar o fluxo migratório do campo e das pequenas cidades para os grandes centros. “Para isso, são necessárias medidas estruturantes urgentes, que passam por mudanças no ambiente regulatório, como a regulamentação da produção e uso de bioinsumos e remineralizadores de solo e a simplificação dos processos de registro e certificação de produtos; a implementação de um sistema robusto de previsão climática e ambiental e do Plano Nacional de Fertilizantes, além de um forte programa de assistência técnica e extensão rural, aliado à ampliação de acesso ao crédito e apoio ao desenvolvimento, difusão e fabricação de máquinas e implementos voltados para esse tipo de agricultura”, afirmou Madureira.

Rosilda Prates, presidente Executiva da P&D Brasil, destacou o momento de otimismo vivido pelo mercado interno brasileiro em relação à valorização dada pelo atual governo. “Dentro da P&D Brasil temos um conjunto de empresas que estão vivendo um momento de valorização do mercado interno. O governo tem dado um espaço importante para o fortalecimento do nosso mercado e a valorização da nossa indústria, que aqui produz e que aqui desenvolve tecnologia”, concluiu.

O chefe de Gabinete da Finep, Fernando Peregrino, apresentou, em detalhes, a programação da série de 12 Seminários sobre o tema da Neoindustrialização, que servirá de subsídio para a 5 CNCTI, que acontece de 4 a 6 de junho deste ano, em Brasília.

Para acessar as imagens do seminário, clique aqui