Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Último seminário Finep sobre Neoindustrialização discute Saúde e Equidade e aposta em Inovação e participação da sociedade como bases
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A Finep encerrou na terça-feira, 27/2, com chave de ouro, a série de seminários “Neoindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas”, criada com o objetivo de discutir as questões relativas à Ciência, Tecnologia e Inovação para fornecer subsídios aos debates da V CNCTI – Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontece em junho de 2024.

Foram doze seminários, em formato híbrido, iniciados em 19 de dezembro de 2023, sob a coordenação do chefe de Gabinete da Finep, Fernando Peregrino, que chegam ao fim alcançando a marca de 3252 visualizações e um público presente, estimado, até o encontro de 23/2, de 2.400 pessoas.

Os encontros contaram com a presença de atores do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e autoridades dos 26 estados da Federação e do Distrito Federal. Foram 30 horas de debates que serão disponibilizados, na íntegra, no canal Youtube da Finep para consulta dos interessados.

A sessão de encerramento do último seminário, aconteceu na sede da Finep, na parte da tarde do dia 27/2 e teve como tema a “Integração entre as Diretrizes da Política de CT&I e da Neoindustriaização, Perspectivas e Desdobramentos”, organizado nos subtemas “O complexo de saúde”, a cargo do Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha e “Diversidade nas políticas públicas”, conduzido pela doutora em História e professora da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Iraneide Soares. Também participou da mesa de debates, o Gerente de Inovação e Estratégia Industrial do BNDES e ex-funcionário da Finep, Fabrício Brollo.

O presidente da Finep, Celso Pansera, abriu os trabalhos agradecendo a Peregrino pelo sucesso na organização e coordenação dos seminários e ressaltando sua importância para a V Conferência, por trazer a discussão sobre o papel da Ciência, Tecnologia e Inovação para as novas bases da Política Industrial brasileira e o tema da Neoindustrialização de forma transversal, ouvindo os diversos atores que compõem esse cenário. Nesse sentido, citou a importância da presença dos dois palestrantes da seção no debate. “Fizemos questão de contar com a presença de Carlos Gadelha para termos sua visão, nos anais do nosso seminário, sobre esse assunto fundamental para o país que é a saúde como proposta estratégica do governo, e não é como ação isolada. E Iraneide Soares que nos fala sobre a questão da diversidade, também uma demanda crucial, uma ação transversal muito forte de governo, para a qual, de fato, o mundo exige que olhemos e que não poderia ficar de fora do debate”. O presidente agradeceu ainda a presença de Fabricio Brollo, saudando a importância da parceria da Finep com o BNDES.

Carlos Gadelha falou da importância da indústria como alavanca de todo o sistema produtivo e da economia brasileira e, nesse cenário a presença da saúde, que dialoga com todas as missões e com toda a visão da política industrial. Para ele, por ser elemento estratégico, a saúde se torna um fio condutor da inovação tecnológica que arrasta e interage inclusive com o que chamou de indústria de serviços. “Não há nenhum produto da saúde que não tenha passado por uma pesquisa clínica em um serviço de saúde”. Citou como exemplo, dentre outros, a vacina como um grande segmento da indústria farmacêutica, e “hoje, mais amplamente, do complexo económico industrial. Se não tivéssemos tido política industrial de inovação junto e orientada pela política de saúde, teríamos 200 mil vidas a menos nesse país”, salientou.

Para o atingimento da meta da Política Industrial na missão Saúde, que é tornar o complexo produtivo da saúde resiliente para reduzir a vulnerabilidade do SUS e garantir o acesso universal, Gadelha apontou a pesquisa científica e a inovação como elementos fundamentais, mas destacou que é crucial, para todas as missões fazer inovação, desenvolver produtivamente para cuidar da vida, para cuidar das pessoas. “Cada vez mais teremos que mostrar para o que fazemos inovação, para quem e onde ela é fundamental. Não existe mais a política social separada da política de inovação e da política econômica ou tão integradas e a saúde deu sua contribuição para essa mudança paradigmática de política pública. O Ministério da Saúde está junto para fazer essa política industrial de inovação”, concluiu.

Iraneide Soares elogiou a Finep, na pessoa de Fernando Peregrino, pela condução dos seminários que convidam à discussão todos os atores da sociedade. Para ela, “quando pensamos ciência, tecnologia e inovação a partir dos sujeitos que delas necessitam colocamos o que é importante, que é a sociedade, no centro da discussão a partir de suas experiências e agendas tecnológicas”

Para ela, uma nova Política Industrial deve também refletir a simbologia da subida do Presidente Lula na rampa, no dia de sua posse, acompanhado por representantes da diversidade que compõe o povo brasileiro. Lembrou que a estrutura da nossa sociedade – e que tem impacto direto nas políticas públicas – tem em seu cerne o racismo estrutural, permeando todas as instituições, desde a família, as igrejas, creches, hospitais, empresas, todos os espaços, afetando mais de 55% da população brasileira diretamente. Por isso, em sua visão “pensar em política e inovação, pensar nessa nova industrialização, é considerar sobretudo esse sujeito. De que modo ele é impactado diretamente. Nesse sentido, reconhecer que esse racismo estrutural existe, é o primeiro passo. A partir daí, convidar esse sujeito para participar da discussão”.

Iraneide falou da importância da Equidade no contexto da nova Política Industrial, onde a Equidade não apenas garante o acesso às oportunidades em uma sociedade, mas provê os meios para que indivíduos em condições diferentes possam igualmente usufruir desse acesso. Citou como exemplo o sistema educacional, a ser pensado a partir da juventude negra e periférica, da indígena, todas com suas respectivas agendas tecnológicas e suas pautas que, ela afirma, precisam ser ouvidas. E citou ainda uma necessária análise e revisão, por parte das empresas e instituições, da composição de seus quadros, de modo a garantir a representatividade de toda a sociedade. “Equalizar a promoção da diversidade é fundamental porque não beneficia apenas os grupos específicos, mas toda a sociedade. Então, inserir o racismo, a discriminação racial e a equidade na mesa de discussões, não é uma questão para ser discutida apenas por mim”, concluiu.

Fabricio Brollo enfatizou a importância do debate a despeito de discordâncias. “Não precisamos concordar, necessariamente, com todas as visões, mas é preciso concordar com a necessidade de construir um caminho único para a sociedade”, pontuou.

Falou das expectativas do BNDES em relação à V CNCTI, assegurando que não há política industrial se não se pensar em tecnologia e inovação. E apontou o que, na sua opinião, talvez seja a novidade metodológica que o país passa a adotar ao construir uma Política Industrial por missões. “Ela não é um fim em si mesma. “É um para que. Para que ela servirá ao meio ambiente. Para que servirá ao social, à equidade. Precisamos fazer com que esses princípios declarados se tornem realidade”, afirmou.

Fabrício trouxe números comparativos do Fundo Monetário Internacional que revelam a importância da industrialização refletidos em mais de 2.500 medidas de política industrial implementadas globalmente, 72% delas por economias avançadas, em somas que ultrapassam a casa dos US$ 7 tri, ressaltando que os números não refletiam apenas um esforço econômico, mas um esforço de inovação, um esforço da sociedade de querer algo. “Esse é o Panorama do mundo. E essa não pode ser a nossa jabuticaba. De manufatura no PIB estamos em franco declínio. Então, a primeira pergunta que eu faço é, afinal, queremos indústria? Essa é a pergunta que precisamos responder antes de discutir política industrial, tecnologia e inovação. Temos que querer. Se não chegarmos a essa conclusão, se não decidirmos que queremos ter uma indústria forte, inovadora, verde, produtiva, inclusiva, vamos ter que procurar outro caminho, não sei se existe, mas, enfim, vamos ter que procurar e sermos mais inovadores ainda”.

O encerramento dos debates, contou com a participação online da Secretária Executiva da Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial – CNDI, Verena Barros, do Vice coordenador Acadêmico da V CNCTI, Anderson Gomes, da Gerente de Relações Institucionais da Anpei, Lilian Amaral e do Diretor de Tecnologia e Inovação da CNI, Jefferson Gomes, todos unânimes em elogiar a Finep, na pessoa de Fernando Peregrino e reafirmar a importância dos seminários como elementos para subsidiar a V CNCTI.

Fernando Peregrino encerrou os trabalhos agradecendo a participação dos especialistas e autoridades que abriram espaços em suas agendas para estarem presentes às discussões, ao público, presente e virtual, assíduo aos seminários e à equipe Finep que com ele trabalhou na organização. Finalizando, anunciou a criação de um grupo permanente, via WhatsApp, para dar continuidade às discussões e contribuições para o tema da Neoindustrialização e da Nova Política Industrial, de forma a fazer da Finep um hub do Conhecimento.

“Com esses seminários, jogamos a pedra no lago. Esperamos que a onda ressoe e se expanda em todos os fóruns, por todo o Brasil”, concluiu.