Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Teste rápido deve melhorar diagnóstico e controle epidemiológico da diarreia
fechar
Compartilhar

kit diagnostico diarreia

Apontar em dois minutos o agente causador da diarreia – vírus, bactéria ou parasita. Um kit de diagnóstico com essa função está sendo desenvolvido no Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em parceria com a empresa de saúde e bem-estar ColOff. O protótipo, cuja conclusão está prevista prevista para o final de 2017, poderá contribuir para a extinção da velha máxima segundo a qual “tudo é virose”. Indo ao encontro das necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS), o desenvolvimento do dispositivo conta com subvenção de R$ 1,4 milhão da Finep por meio de edital do programa Inova Saúde.

O teste é uma espécie de pré-triagem. Ao identificar o agente causador, o profissional de saúde será capaz de aprofundar o diagnóstico e tratar o problema de forma mais eficiente. “Geralmente, não se busca a causa da diarreia, já que o problema não se estende por muitos dias. Mas nem tudo é virose”, esclarece Ana Carolina Figueira, doutora em Física Aplicada pela Universidade de São Paulo e pesquisadora do LNBio responsável pelo desenvolvimento técnico-científico do produto. De acordo com Figueira, o kit pode ser comparado, genericamente, aos testes de gravidez encontrados nas farmácias. Após pingar uma gota de amostra de fezes no dispositivo, será possível saber, em menos de dois minutos, a origem da diarreia – viral, bacteriana ou parasitária.

Kit diagnóstico

Principais etapas do projeto de desenvolvimento do kit de diagnóstico rápido. Divulgação/CNPEM

“Buscamos quais eram os marcadores característicos de uma infecção por vírus, bactéria e parasita. Em seguida, produzimos esses marcadores. Estamos agora na fase de produção e teste dos anticorpos que identificarão esses marcadores no kit”, explica a pesquisadora. Após a validação dos anticorpos, serão feitos testes in vitro com amostras contaminadas. Depois, com o protótipo já finalizado, serão feitos outros testes com amostras de fezes contaminadas. A expectativa é que o protótipo fique pronto até o final de 2017. Quando estiver concluído, o laboratório poderá transferir essa tecnologia para empresas interessadas em produzir o kit em larga escala. Outra opção seria produzir um estudo clínico de maior profundidade, para, posteriormente, transferir a tecnologia.

Impacto do produto

A diarreia é considerada uma doença de massas. Apesar das limitações do sistema de informações, há registros de que mais de 600 mil internações ocorrem por ano no SUS devido a doenças infecciosas intestinais, ocasionando quase oito mil mortes. As crianças são as principais vítimas. “Além de haver uma melhora no diagnóstico e no controle epidemiológico, o teste ajudará a eliminar o uso indiscriminado de antibióticos”, ressalta Figueira. Outra vantagem está no baixo custo do kit. Enquanto um exame para se chegar ao diagnóstico exato da causa da diarreia pode chegar, hoje, a mil dólares, o novo teste deverá custar de cinco a dez reais. Para o idealizador do produto e CEO da ColOff, Eliézer Dias, o kit poderá atender, principalmente, às comunidades mais remotas e aos grandes bolsões de pobreza.

GAP no mercado

A ideia para criar o produto surgiu durante um congresso da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), em 2011. Dias ouviu do então presidente da associação, José Galvão Alves, que não existia uma sorologia imediata para identificar os agentes causadores de gastroenterites. “Chamei o Galvão para tomar um café ali mesmo e o questionei por que não havia nenhuma solução do tipo. Quando ele me disse que o motivo era a dificuldade da empreitada, me animei. Nunca fale isso para mim, porque aí que eu gosto”, brincou o empreendedor.

Em 2013, a Finep lançou uma chamada pública do Inova Saúde para projetos cooperativos de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação em equipamentos e dispositivos médicos de interesse industrial. Para dar forma ao produto, a ColOff procurou o LNBio, que aceitou o desafio. Integrado ao CNPEM, uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o LNBIo dedica-se à pesquisa e inovação na área de biotecnologia e à descoberta e desenvolvimento de fármacos contra doenças negligenciadas, câncer, doenças cardiovasculares, entre outras. As pesquisas para o desenvolvimento do kit de diagnóstico tiveram início em julho de 2014.