Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Primeiro dia de Seminário promovido pela Finep traz questões e soluções para a inovação no Brasil
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 luis fernandes seminario nov 2015
Luis Fernandes, presidente da Finep, na abertura do Seminário (Foto: João Luiz Ribeiro/Finep)

O primeiro dia do Seminário de Desenvolvimento Produtivo e Inovativo: Oportunidades e Novas Políticas, aconteceu na manhã desta quarta-feira (04/11), na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). A abertura contou com a presença do presidente da Finep, Luis Fernandes, além de representantes de instituições e entidades parceiras, como o CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), o Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI, o Clube de Engenharia e a Firjan.

Durante a cerimônia, a inovação e o atual cenário político-econômico foram pautas recorrentes entre os participantes. O vice-presidente da Firjan, Carlos Fernando Gross e o representante do Clube de Engenharia, Márcio Fortes, citaram a importância da inovação nos setores da economia que representam – Indústria farmacêutica e Engenharia, respectivamente – e a necessidade de empreendedorismo: “Empresários não se formam na universidade. Essa categoria de pessoas se define pela visão de futuro e coragem”, disse Gross. Fortes destacou que a engenharia é capaz de contribuir de forma intensa e produtiva para o desenvolvimento do País e apontou a Finep como grande protagonista da independência inovadora do Brasil no setor.

O presidente do CGEE, Mariano Laplane, alertou que é preciso reconhecer que o País avançou, mas é devemos ir além: “Não podemos parar no ponto a que chegamos. Existem novos desafios, novas restrições. É necessário continuar discutindo e atuando para incorporarmos ainda mais conhecimento em nossa atividade produtiva”, disse. O presidente do Centro de Altos Estudos, José Eduardo Cassiolato, completou, dizendo que, desde 2003, a inovação avançou no País, mas que em um mundo globalizado, precisamos progredir ainda mais: “Esperamos que o encontro seja produtivo. Queremos contribuir de forma positiva com o debate e avançar ainda mais no caminho da inovação”.

Palestra - Revisão do passado e propostas para o futuro

Após a participação na mesa de abertura, o presidente da Finep liderou a primeira palestra do evento. Em sua apresentação, Fernandes destacou que vivemos em uma conjuntura peculiar: “estamos em uma confluência de momentos desafiadores na política e na economia”. O presidente disse que o objetivo de um evento como o Seminário é reunir pesquisadores, formuladores, executores e parceiros para pensar na promoção do desenvolvimento e da inovação no País.

Fernandes defendeu a ampliação do financiamento público aos projetos de inovação e analisou o avanço do setor nas últimas décadas: “A industrialização avançou muito, mas o desenvolvimento científico tecnológico não acompanhou esse crescimento na mesma proporção”, disse. “Houve uma desconexão sistêmica, com baixo nível de integração entre os dois processos”. O presidente ainda apresentou alguns indicadores que apontam para um baixo investimento empresarial em inovação e explicou que os países que despontam nos rankings de Pesquisa e Desenvolvimento são sempre aqueles com indicadores maiores de participação privada, como é o caso da Coreia do Sul.

Os eixos temáticos e setores que necessitam de maiores investimentos também foram citados pelo presidente: “O tema central no momento é definir se devemos executar grandes ações de crédito ou se faremos uma ação abrangente, contemplando mais setores da economia e sociedade”. Além disso, Fernandes defendeu um projeto nacional mais estável e a definição dos participantes deste processo. Ainda segundo o presidente, instrumentos como o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), precisam voltar a se dedicar às suas ações fim e deixarem de ser substitutivas: “Precisamos resgatar o FNDCT à sua finalidade. O Fundo deve voltar a ser complementar e não servir como alocação para ações orçamentárias”, disse.

Palestra da tarde

O tema da segunda mesa foi Política Macroeconômica e as Estratégias Microeconômicas. Durante a discussão, os painelistas destacaram a importância do financiamento público como forma de alavancar o investimento do setor privado em inovação para o desenvolvimento do País.

Ester Dweck ,secretária de Orçamento Federal do MPOG, André Biancarelli do Instituto de Economia da Unicamp e Vanessa Laplane diretora da Universidade Federal de Uberlândia, foram os palestrantes que, embora com pontos de vista nem sempre convergentes, chamaram atenção para a complexidade da conjuntura atual do Brasil e a necessidade de avançar não apenas na economia, como também na consolidação das políticas públicas de geração de emprego e renda.

O tema foi coordenado pelo senador Saturnino Braga, hoje presidente do Centro Internacional Celso Furtado, e teve como debatedor Mariano Laplane, presidente do CGEE. O jornalista Jorge Vidor mediou o encontro.

Homenagem a Maria da Conceição Tavares

“Hoje, vivendo em conjuntura tão adversa, é fundamental recuperarmos as esperanças pra reconduzir o País na direção de um novo projeto de desenvolvimento econômico”, afirmou a economista Maria da Conceição Tavares, homenageada pela Finep no evento. A professora recebeu o troféu José Pelúcio das mãos do presidente da financiadora e assistiu a um vídeo comemorativo, com depoimentos de pessoalidades, como o economista Carlos Lessa, e Luciano Coutinho, presidente do BNDES.


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Maria da Conceição Tavares (Foto: João Luiz Ribeiro/Finep)

Em sua fala, Conceição disse ser urgente uma profunda reforma do Estado e uma frente ampla de alianças de todos os segmentos da sociedade, “para juntos lutarmos contra o desânimo e desesperança. Pretendo continuar a lutar até morrer”, declarou. A professora disse, ainda, que o caminho para uma nova retomada do desenvolvimento brasileiro deveria se volta, em parte, para o passado. “Temos que fazer, de um lado, um esforço para a substituição de importações novamente, sem deixar de lado os avanços de bem estar social que conquistamos ao longo da última década. Isso não pode ser interrompido”, finalizou.